Já parou pra pensar o quanto ainda tem em ti, de ti mesmo? O quanto tu ainda é tu e não a imagem que tu criou de ti? Ás vezes, mesmo sem perceber, tu acaba sendo um pouco de muitas pessoas. É como se tu tivesse construindo a tua imagem e precisasse dos pontos de partida. A partir daquilo ali tu constrói o que tu quer ser. E tu já parou pra pensar também o quanto tu tem da mesma pessoa que tu era há tempos atrás? Se tu ainda gosta da mesma banda, tem os mesmos amigos, ainda tira notas boas e ainda pensa da mesma forma. É difícil tu permanecer por muito tempo sem mudar, porque pra cada iniciativa, pra cada novidade, pra cada mudança tu age de forma diferente, logo tu não é a mesma. Acho que o que determina se uma pessoa é a mesma ainda é o fato dela mudar constantemente, e continuar a mesma. A mesma estranha que belisca as bochechas pra ficar rosadinhas, que demora quinze minutos passando rímel e que passa três diferentes, que fala sozinha, que usa enxaguante bucal só porque arde a boca. Essas coisinhas estranhas e que eu faço sempre é que determinam se eu continuo a mesma, e a imagem que eu passo não corresponde. Eu continuo a mesma, e não importa o quanto eu acrescente das pessoas, e a imagem que eu passe, eu sempre vou fazer as mesmas coisas, independentemente de eu ser a mesma ou mudar. Ao mesmo tempo em que eu sofro mutações, eu construo com elas, a mesma coisa que eu era antes.
