Sinceramente, eu acreditava que nunca viveria uma história de amor. Lia aquelas histórias e imaginava que aquilo utópico demais: viver, amar, morrer, e antes disso ser feliz para sempre. Eu nunca engoli esse "sempre". A ordem pra mim era diferente: viver, amar, viver, viver, viver, viver, amar de novo se desse tempo. Dedicar-se a alguém, tornar-se um só. É possível entender isso? Quando iniciava um relacionamento mais sério, me sentia acorrentada a uma bigorna - a corrente poderia até ser grande, mas em algum momento ia esticar tanto, que eu ia lembrar que estava presa em algo impossivel de mover. Não me sentia totalmente livre. Eu precisava ser completamente livre. Se ter horários me incomodava, imagina ter que passar relatórios ao pretendente? Me incomodava essa ideia de tal maneira, que fui ficando seca. Todos os meus sentimentos secaram. Até então eu acreditava nisso. Eu só precisava de alguém que regasse o deserto que virou minha vida sentimental. Fui um pouco relutante. Sentia aquele frio na barriga, a voz engasgava e eu fica besta demais. Um nervoso só. Mas eu não tinha muita ideia do que fosse. Precisava ser lembrada, recordar. Praticamente estudar meu lado sentimental, acordar tudo aquilo que havia adormecido. Na verdade sempre esteve adormecido, nunca havia sido despertado. Por isso me parecia utópico demais: eu não fazia a menor ideia do que era amar. Talvez ainda não saiba. Mas eu resolvi tentar mudar a ordem das coisas: viver, amar, viver, amar, viver, amar, viver e amar.
fecha aspas.