Eu queria pedir duas desculpas:

Uma pra todas as pessoas que a minha vida inteira eu esqueci de desejar parabéns do dia do aniversário. Eu não ligo se alguma de vocês esqueceu o meu, de verdade. Pra mim é uma data em que eu fico mais velha. Só. Se pra vocês tem outro significado, sorry, but i don’t understand.

E o outro pedido de desculpa é pra todas as pessoas que eu conheço e passaram (ou passam) por mim eu pareço não conhecer. Quando eu to andando eu penso em duas coisas: Na musica que provavelmente eu estou ouvido e ligando ela a algum fato da minha vida. Ou eu estou pensando qual das minhas contas vai ser esquecida propositadamente este mês.

Desculpa aí. Vou prestar mais atenção em mim.

Não quero que pareça um discurso interesseiro ou fútil,

muito menos desdém. Não tenho nenhum tipo de convívio ou de parentesco com essa pessoa, não sei o que acontece do portão da casa dela pra dentro, nem me interessa saber, na verdade. Mas eu duvido muito que uma pessoa como ela esteja confortável (veja bem, CON-FOR-TA-VEL) com a sua vida. Eu não me sentiria tendo sei lá, 19 anos e ter sido casada com um cara que tem o dobro da minha idade, sem estudo, sem futuro, num emprego onde o máximo que ele conseguiria chegar era no balcão da padaria. Mas ele tinha um carro. Razoável para um cara medíocre como ele, ranzinza e que achava que o asfalto da minha rua é uma das pistas de tarumã, e que meus vizinhos e eu éramos obrigados à ouvir as tentativas de musicas a todo volume no domingo pela manhã, porque exagerava tanto que nem as caixas de som do carro dele suportavam. Talvez ela tenha visto isso e por isso separou-se dele. Ela trabalhava numa loja. Razoável para alguém que se preocupava em ficar em casa cuidando do conto de fadas que ela tentava transformar a vida dela cada vez que num aniversario a gente trocava duas palavras e sustentando a mãe. Aí ela foi demitida, se separou do cara. Aí ela se envolveu com outro cara. Também o dobro da idade dela, três filhos de mulheres diferentes e com um carro que só acende um dos faróis, todo rebocado. Dia desses até reparei que o carro tem uma roda mais alta que a outra.
O que eu questiono não é de forma alguma o tamanho (ou o conteúdo) do bolso. O que eu não consigo entender é: porque uma pessoa se sujeita a ser um nada e parecer feliz. Ser MEDIOCRE, e não fazer nada visível para mudar. Foda-se o que o cara tem, mas o que a gente atrai é só o nosso reflexo. Eu me sinto ridícula por trabalhar para me sustentar e não conseguir pagar uma faculdade, e uma pessoa termina o ensino médio e acha que a vida ta pronta? Que realidade tão escrota é essa na porta da minha casa que é tão diferente da minha?
Sentir-se confortável como eu citei não é arrumar um cara bonito com dinheiro e um carro razoável. É seguir e ser seguida por pessoas que queiram evoluir SEMPRE, que aceitem a sua mediocridade mas que façam algo pra mudar isso, e que não se acomode em ser o que se é e ter que se tem. E não achar que um cara que paga três pensões e anda numa banheira é motivo pra arrotar file.
Talvez ninguém alcance meu ponto de vista.
"Eu sofro sendo assim, eu sofro porque, quando você acha mais da metade do mundo babaca, você passa muito tempo sozinho."