PERAÍ

Nota: Eu escrever sobre algo, não quer dizer que seja verdade, bem como eu não falar sobre alguma coisa, não quer dizer que eu não sinta, ou não faça.

Talvez um dia ela caia nas próprias armadilhas.

Foi incentivada a ter amor próprio, acima de tudo. Amar-se para beneficiar-se. As coisas a volta eram secundárias. Foi isso que a vida lhe ensinou, aliás, foi isso o que as pessoas com as quais convivia ensinaram-na. Sempre havia alguém para lembrá-la de que ela não era igual – não que isso a incomodasse, mas tornava-se um desconforto. Viver no meio de pessoas iguais, que agiam iguais, isso a incomodava. E isso não era uma critica, era um fato. As pessoas não se copiavam, aqueles eram o que eram, cada qual com sua individualidade, mas ainda assim lhe pareciam todos do lado avesso. De tando ser tratada e lembrada de que era indiferente, e sentir-se por inúmeras vezes sozinha em meio a tanta companhias, amizades e amores, resolveu ser apática aquilo tudo. Não ceder ás emoções, não criar laços profundos, e ser tudo o que eles eram. Agir como tal, para se sentir aquilo. Conforme foi passando, menos ela exercitava seus sentimentos, e menos eles lhe pareciam úteis, afinal, ninguém os entendia. Ela era a única coisa heterogenia, ali. Até que, foi apresentada a alguém que era tão estranho àquela normalidade toda quanto ela. Sentiu-se desconfortável, de novo e pensou: como alguém como ela poderia fingir tanto, e por tanto tempo gostar de tudo aquilo. Quanto mais tentava se conhecer, mais estranha a ela e apatica aos outros se sentia. Ela era o que quisesse, e de tento ser, perdeu-se. Não se conhecia, não recordava-se do que realmente era. Dentre tantas que aprendeu a ser, pra conseguir passar sua estranheza desapercebida, esqueceu qual delas de verdade era.