Inegavelmente eu sou diferente de tudo a minha volta.

Diferente das pessoas com as quais eu convivo, dos gostos, dos pensamentos. E pode não parecer, mas eu tento me adaptar. Tento ser flexível, tão flexível ao ponto de desistir em alguns momentos de mim. Ser o que esperam que eu seja: igual.
Não sei o quanto vale a pena me adaptar e ME deixar de lado pra poder fazer parte de tudo.
Eu sou uma pessoa individualista, solitária e egocêntrica. Essa coisa de mudar meu mundo não deveria, em hipótese alguma, parecer uma escolha minha. Mas EU sei que é uma escolha (errada, diga-se de passagem).
Vou parecer uma imbecil dizendo isso, mas eu me sinto sozinha. E essa impressão não tem a ver com as pessoas que me cercam, e sim com as atitudes que eu tomo. Tentar me adaptar me transforma numa pessoa estranha, no meio de todo mundo, e quando resolvo tirar a fantasia o resultado é sempre o mesmo: ninguém divide os mesmos gostos.
Portando, hora de sair dessa festa a fantasia.
O que determina um novo começo, é a imposição do fim.
Fim.
Começo a me refazer novamente.
Começar de novo, de novo, e quantas vezes necessárias forem pra eu me sentir feliz, sozinha ou não.

sobre relações superficiais.

Sou a favor delas. Não são falsas, só não são profundas. E a profundidade que eu me refiro não tem absolutamente nada a ver com verdade, tem a ver com simplesmente não envolver-se a ponto de misturar as histórias e a vida com outra pessoa. Superficialidade, no meu caso refere-se muito mais a não expor o que eu sinto, como eu sinto. E sim como é aceitável aos ouvidos das pessoas. Na verdade é que eu sou uma ótima ouvinte, gosto de ouvir as pessoas contarem das suas histórias, dos seus pensamentos e dos seus “achismos”, só não gosto de intervir nisso: opinar e narrar minhas histórias. Eu conheço muito bem elas, e não gosto, nem tenho interesse em opiniões alheias sobre isso. Por isso prefiro a superficialidade, meu melhor conselho é sempre onde eu digo o que a pessoa espera ouvir. Não quero me interar do – na maioria dos casos – problema de outra pessoa e ajudar a resolvê-los: tenho problemas próprios, às vezes nem tão grande, nem tão complexos, mas cada um dá ao problema o tamanho da atenção que quer receber.
Resolvo os meus.
E por causa dessa forma de ver as coisas, acabo pagando por isso. A gente sempre vai pagar por escolher o que é obviamente mais fácil.
Me sinto muito mais a vontade em falar meus problemas aqui. Tu pode até opinar, mas não tem a mínima idéia da dimensão da coisa, e eu não saberei da tua opinião sobre.
Como eu disse: a gente dá o tamanho que quer para os problemas e eu não estou disposta à me aprofundar num problema pequeno. Seria quase como mergulhar numa piscina rasa.

abre aspas

Esta bem, eu admito.
Todas essas acusações são verdadeiras. Eu tentei disfarçar - e por muito tempo eu consegui. Mas confesso que foi fácil: em todos os momentos eu não precisei do que me foi dado. Logo não senti a falta, nem remorso por rejeitar. Dessa vez não teve como evitar: era tudo que eu não queria no momento em que eu mais precisava.
Não sei se por ironia, descuido, azar ou era o momento. Pudera, não ficaria tanto tempo renegando o que me é dado. Só não consegui entender se a intenção com que foi dado foi a mesma com que foi recebido.
Dessa vez eu sou completamente culpada; concordo e assumo: falhei na minha incrível arte de não me apaixonar. Percebi de onde vem a teoria de ser do coração que saem os sentimentos: o peito dói de imaginar em decepcionar.
Eu, piegas. Quem diria.
Bem, também não é tão difícil assim, vocês que me assustaram. Inventaram mil teorias sobre amores perfeitos, decepções e blábláblás. Me fizeram sofrer por antecipação, e o pior: acreditar que eu só saberia quando estaria amando de verdade quando sofresse por esse amor. Que teoria ridícula. Esse é a diferença entre a gente. Enquanto vocês precisam sofrer pra entender (ou achar) que amam, eu preciso ser preenchida, estufada de qualquer coisa que me faça sentir bem.
Como isso ainda não havia acontecido, rejeitava o que me preenchia pela metade - não sei ser quase alguma coisa. Quase conseguir, quase ter, quase amar.
E, justamente por isso, falhei.
Enquanto exercia isso, ele preparava tudo pra fazer com que eu falhasse. Nunca imaginei, nunca pensei que justamente isso me faria falhar.
Quer dizer, não sei se falhei. Talvez esteja me precipitando em admitir, e o pior.. confessar. Não fui completamente preenchida. Não acreditei completamente nisso ainda. Talvez esteja quase lá.
Droga, falhei de novo.
Fecha aspas.

Musica pra mim

é bem mais significativa do que pra grande maioria das pessoas que eu conheço e convivo. O que me faz parecer na maioria das vezes um et. Eu não sei explicar porque, nem quando surgiu, nem se é normal. Só sei que musica me faz um bem, que eu não sei nem explicar. Eu levo a sério. Não tenho essa coisa de ser livre de preconceitos: o que eu acho ruim eu acho ruim e ponto final. E quando eu gosto, gosto de verdade. Gosto a ponto de em um show, chorar só por estar ali. Querer acompanhar a vida dos músicos, querer fazer parte, homenagear. Quando eu gosto ou sou tiete, e não me envergonho, não. Ta bem, na verdade fui apenas uma vez, e fui muito fã. Me desdobrava pra ir aos shows – que sempre foi uma dificuldade. Mas ia e me emocionava. E, o fato de eu levar tudo isso tão à serio como mencionei no inicio fez com que eu deixasse essa tietagem, essa paixão e, porque não, essa obsessão que eu tinha por uma banda de lado. Não deixei de gostar, nem de admirar. Só deixei de ver com os olhos que eu via. E o principal motivo foi não ver a novidade neles que eu via antes. Passar à ir em shows e enxergar a mesma roupagem das musicas, as mesmas musicas, a mesma banda. AOS MEUS OLHOS a mesma banda. Sem crescimento, sem evolução. Tem gente que não concorda – a maioria dos fãs, mas pra mim era uma banda que tava vivendo de passado. Vivendo do que já produziu, do que já cantou, DO QUE JÁ SENTIU. Quatro anos sem lançar um cd pra mim é um período inaceitável. Uma banda que não produz mais, que vive do que já fez não tem porque existir: aquilo ali todo mundo já conhece. Eu espero dar com a língua nos dentes, e me contrariar mais uma vez. Ver que, mesmo com esse período de ‘escassez a banda ainda é de verdade. Eu nunca neguei que mudo de ideia fácil, e gostar tanto assim de novo da banda não é difícil: eu só preciso ver que é de verdade ainda. Que eles acreditam tanto naquilo quanto eu já acreditei e tanto quanto os fãs acreditam. Criar, mostrar que esse amor que eles recebem é recíproco. E a única forma de demonstrar que o amor é recíproco e não deixando ele morrer. Eu vejo uma nova fase agora: Cd de inéditas sendo gravadas, as musicas com a cara da banda, tentando voltar à ser o que era. Só não pode tentar imitar o que já foi. Talvez – TALVEZ – eu nunca mais veja da forma que eu os via, e continue acompanho tudo de fora. Por vários motivos, mas o principal e que eu olhei de fora, e de fora perde toda a graça. E agora eu não sei mais como é o outro lado.
Viu como eu levo a musica a serio?

Duas coisas simples: um balão e um pouco de ar.

Se você não soprar demais, ele não estoura, ah não ser que você force isso. E se não souber segurar, ele voa porque é leve. Se você soprar demais ele, aí sim ele estoura e espalha todo ar que com um pouco de esforço você colocou nele.
Talvez essa seja uma metáfora bem representativa sobre sentimentos e razão. O balão é a racionalidade, e o ar a passionalidade. Uma proporção bem desigual, mas muito favorável. Fato é que só não é evidente o “ar” desse balão, porque a gente não enxerga ele, só o balão que costuma ser em cores vibrantes. A gente sabe que o balão esta cheio, mas nem lembra que o que tem dentro é… ar. Ele parece ter aquela forma, ter sido feito daquela forma, e não desenhado pelo tanto de oxigênio que tem lá dentro. E nesse caso, como ainda não teve ar suficiente para estourar, ele ficou preso.
A emoção dentro da razão.
O balão é uma metáfora perfeita.
Desde sempre, pelo que me lembro, sou forçada a ouvir teses sobre minha suposta falta de alguma coisa relacionada à amor. Talvez essa seja uma explicação bem razoável.

Era uma coisa bem estranha,

só de pensar aquilo estufava, enchia de uma sensação diferente de tudo que tinha sentido. Era uma mistura de vontade de rir, vontade de chorar, preocupação e uma saudade instantânea. Arrepiava e ao mesmo tempo deixava flutuando. De repente um nervosismo, uma vontade louca de sumir e uma vermelhidão. Toda vez era isso, esse mix de sensações. Algo que por mais detalhista que fosse, nunca conseguiria descrever. Todos os romances que tivera, não chegaram à metade dessas sensações, eram tão superficiais perto desse. E esses sentimentos eram tão freqüentes que se tornaram um vicio. Precisava sentir aquilo, precisava viver aquilo. Tomar uma dose desse vício que nem se quer uma explicação tinha. No inicio era controlável, doses homeopáticas na hora de dormir, ou quando ouvia uma musica que a lembrasse dele. Depois era quase uma religião, precisava daquilo. Não, uma religião não, uma obsessão. Passava noites e claro vasculhando cada canto virtual da vida dele, odiava cada palavra de carinho que ele escrevia para outras pessoas, e interpretava todas elas como se fosse para ela. Apesar de ser louco, de ser platônico, e de ser patético, era de verdade. Era nobre e era sincero. Toda a raiva e toda a angustia girava em torno daquilo. Aquilo era realmente uma droga, uma obsessão compulsiva por uma projeção de coisas voláteis. Conhecia a família, por onde andavam, quais viajens planejavam, conhecia os amigos, as histórias. E isso tudo sem nunca ter visto nenhum deles, e nem ele. Na verdade ela nunca se quer trocou uma palavra com ele. Ele era simplesmente o que ela sempre soube que precisava: os gostos, o romantismo dosado, o sotaque e o olhar caído. Há quem diga que foi o maior de todos os amores – reais e irreais. Se é que se pode chamar de irreal isso. Por muito tempo conseguiu manter essa coisa, como descrevia, em silêncio. Mas aos poucos as mudanças de humor típicas de quem esta apaixonada foram ficando cada vez mais visíveis, ao ponto de levantar suspeitas. Mas ninguém conseguia identificar o que acontecia. Quando resolveu falar recebia em troca o silencio e logo após a sentença quase que unânime: tu ama o que? Esse amor não existe. E isso a destruía. Como pode não existir? Era a obsessão mais doce, mais sincera e mais viciante que tivera. E arriscava dizer ainda, que era o amor mais verdadeiro: o que não espera receber absolutamente nada em troca … até porque é um amor de ida sem volta- ele não tem idéia da existência dela e quatro estados os separavam. Ela na condição de corte, e ele de reino. Resolveu tratar essa obsessão com uma receita simples: um email, uma passagem de avião e uma vontade imensa de destruir o imaginário e tornar tudo real. Apesar de saber que aquilo era i impossível, ainda existia nela a esperança de que da mesma forma com que descobriu esse sentimento, ele sentisse a mesma tremedeira, o coração disparar, a vermelhidão e aquela coisa estufando o peito. Não custava acreditar que o impossível pudesse tornar-se realidade. E, pelo que ela havia descoberto sobre ele nas noites insones que vasculhava sua vida na internet, isso era o que mais lhe atraia em alguém. Tem como duvidar de um sentimento desses?