Não porque você merece, mas porque eu merecia sentir uma coisa assim. Merecia toda essa sensação estranha que eu tenho quando to contigo. A barriga gela, as mãos suam, não sei o que dizer, não sei pensar, não sei ficar longe, não sei ser nada. Me presenteei com um amor. Amor desses de sentir sozinha, de alimentar cada dia, de ter só pra saborear mesmo. Desses de dar sem pensar em receber, só pela sensação de parecer que a gente vai explodir, de tanto amor, e se transformar numa chuva de corações. Meio platônico até. Sem exigir reciprocidade, sem medir o que é mais e o que é menos. Amar só pra ver o quanto eu aguento, o quanto eu consigo ser uma pessoa melhor. E poderia ser assim, e ter aquele final feliz e com um para sempre bem grande, não fosse você ter que cuidar e cicatrizar o seu passado. Passado, aliás, que anda bem vivo e espalhando aos quatro cantos que nem é tão passado assim. Eu me presenteei com a coisa mais linda e mais incrível que poderia ter, mas veio com o ônus de não conseguir ser completo, de não conseguir respirar tão fundo quanto eu. Não seria verdadeiro, se não tivesse algo pra atrapalhar; e se não tivesse, essa história não seria minha. Sempre foi assim. Talvez você não mereça tanta coisa assim, mas eu mereço. Mereço sentir tudo isso, e se o ônus tem que ser lidar com um passado bem-mal-bem resolvido, que seja. Eu tive que aprender a te querer mesmo.
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