de chorar na frente de ninguém. Quando eu sinto algo que seja tão forte que me cause o choro, eu me sinto vulnerável demais. Nos últimos tempos eu andei chorando bastante- menos do que foi preciso – e na frente de várias pessoas e eu percebi a verdade de por que eu nunca gostei de chorar na frente de ninguém: Não tem nada a ver com se sentir vulnerável. A gente fica vulnerável pelo que causa o choro, tanto que causa o choro, e não por que se esta chorando. Tem a ver com sentir que quem me vê chorar fica sem reação, sem saber o que dizer, sem saber o que sentir, o que falar. A gente enfraquece a outra pessoa chorando. Por isso eu sempre preferi engolir o choro. Além de ser desgastante, dar dor de cabeça e deixar o rosto inchado, chorar desata tudo que tem de ruim em mim. Limpa tudo, mas a sensação de desespero de ter deixado tanta coisa ruim acumular e deixar sair tudo de uma vez é terrível. Parece que não acaba mais, que eu não vou parar nunca de lembrar de tudo que eu acumulei e não desabafei no momento que aconteceu. Mas passa, e depois eu fico melhor, como todo mundo. Todo mundo faz isso, não é? Quer dizer, agora, por exemplo... deve ter alguém com os olhos doendo, o nariz escorrendo, a cara inchada e uma dor de cabeça sacana, como eu, dando um jeito de liberar essa coisa ruim que a gente insiste em guardar pra depois sabe-se lá por que. É coisa de louco mesmo... guardar coisas ruins, acumular e esperar o momento pra desaguar isso tudo num choro compulsivo e as vezes sem o menor motivo, mas aí uma coisa vai ligando a outra, e todos aqueles momentos que a gente não se permitiu chorar por que se julga forte demais pra isso perdem o sentido e a gente desaba. Tipo agora. Aí a gente fica tentando arrumar um motivo, uma distração pra parar de chorar ou se entrega de vez e acha coisa pra se afundar mais ainda. Eu faço os dois. Me jogo, me afundo na pior fossa que pode existir, por que eu sei que um momento desses de deixar o choro correr pode demorar acontecer de novo, e depois eu procuro algo que me disperse e me prenda pra que eu pare de chorar, me distraia e daí sim, eu possa sentir o alivio que o choro desesperado pode trazer. Aí eu começo a escrever. Funciona, sabe. Funcionou agora, por exemplo.
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