Quanto mais ela sonha, mais desapegada da realidade ela fica. Há quem diga que isso é ruim, mas há quem acredite nos propósitos dela.
Não ter marido aos 35 anos não era nada assustador, embora as amigas – todas casadas, afirmassem categoricamente que sim. E não por falta de oportunidades, de homens, de romances. Era por escolha mesmo. Não se deixava amar. Gostava mesmo de fazer eles se apaixonarem, correr atrás, lhes fazer rastejar em busca do amor dela. E ela continuava inabalável. Parecia até que ela não se comovia com o sentimento dos rapazes. E ás vezes era isso que acontecia...
Vários passaram por isso. Sexo á noite, bilhete com um recadinho pela manhã e quando ela dava azar, eles nunca ligavam. Mas isso raramente acontecia. E se divertia tanto com tantas declarações, tantos amores repentinos, tantas paixões que ela não sentia a menor necessidade de alguém pra lhe regrar, alguém com quem ela acordasse todo dia, lhe fizesse servir café, e lhe desse uma criança de brinde. Não se imaginava cuidando de uma criança! Não se imaginava toda noite com o mesmo homem, e o pior: acordar todo dia com ele.
Talvez por inveja, talvez por zelo, a sua melhor amiga avisava: Tu ainda vai te apaixonar ferrenhamente. Mas ela não dava bola. Sabia que esse dia ia chegar, sabia que esse dia ia voltar. O fato é que ela queria aproveitar tudo que ela ainda não havia experimentado, queria ter tudo que não tinha ainda. Mesmo que isso lhe custasse à felicidade de uma vida a dois. Expressão a qual, ela não entendia, nem nunca fez esforço para entender. A única preocupação era não se deixar amar. E isso ela tirava de letra.
Um comentário:
eu queria poder ser assim. desapegada :/
mas sou BEM o oposto.
acho que um dia passa.
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