Ouvi hoje, no ônibus um diálogo interessante, de onde surgiu a conhecida frase: “sou mulher, sou do sexo mais frágil”. Nesse momento aconteceu uma longa discussão sobre não sermos sexo frágil, somos fortes, votamos, trabalhamos, dirigimos, chefiamos, somos tão boas quanto os homens. Nunca soou tão machista isso, aos meus ouvidos, quanto vindo de uma mulher. Concordo, sim, que nós mulheres não somos o sexo frágil. Mas a força a que me refiro e que conheço, não é física ou de vontade (essa de lutar, vencer na vida, votar e dirigir). É uma força intelectual e, sobretudo, emocional. E acredite: não há ser mais forte e intenso nas suas emoções, do que nós mulheres. Por mais que consigamos parecer descontroladas, isso nunca é uma parcela tão significativa do quanto pode se tornar algo incontrolável - e talvez ninguém conheça essa intensidade, isso é algo controlado por nós, ainda que tenhamos que travar uma luta intensa contra nossos hormônios, que resolvem deixar o intenso cada vez mais infinito. Ainda assim, a gente torna isso suportável. Passei longos meses indo ao hospital no mínimo quatro vezes por mês, e conheci muito mais pacientes oncológicos mulheres do que homens, e eu não vi fraqueza em nenhuma delas. Eu via esperança, eu via uma fortaleza cheia de certezas e planos em cada uma que eu conversei e, ás vezes, talvez um pouco de cansaço. Na verdade, a gente só tem uma película mais fina, que protege as emoções de se espalharem que os homens, mas, como contraponto existe uma capacidade infinita de se restaurar, de se recuperar e de se esconder atrás desse conceito de que eu-somos-mais-fortes-que-os-homens. Somos iguais, mas lidamos com as mesmas dores (físicas ou emocionais) de formas diferente.

Eu conheço mulheres que podem ser infinitamente fortes, mas que são só um pedaço do que tem potencial de ser e, ainda assim, parecem gigantes. Não consigo ver fragilidade aí.

Nenhum comentário: