O eixo
Unilateral
Marla - diva - De Queiroz
Escuta: eu não preciso fechar os olhos para ver por dentro a profusão de cores. Eu não preciso usar palavras pra dizer da comunhão das coisas. Eu não preciso estar embriagada de um amor concreto para ver beleza em tudo. Ele está em mim, eu estou nele e onde eu for, chegaremos juntos.
Se alguém se assusta ou se comove, é ser-espelho.
Escuta: o que te dou é meu. E isso ninguém roubará de nós.
Tem esse e outros textos na página dela do facebook ou no blog TransFLORmar-la.
Ouvi hoje, no ônibus um diálogo interessante, de onde surgiu a conhecida frase: “sou mulher, sou do sexo mais frágil”. Nesse momento aconteceu uma longa discussão sobre não sermos sexo frágil, somos fortes, votamos, trabalhamos, dirigimos, chefiamos, somos tão boas quanto os homens. Nunca soou tão machista isso, aos meus ouvidos, quanto vindo de uma mulher. Concordo, sim, que nós mulheres não somos o sexo frágil. Mas a força a que me refiro e que conheço, não é física ou de vontade (essa de lutar, vencer na vida, votar e dirigir). É uma força intelectual e, sobretudo, emocional. E acredite: não há ser mais forte e intenso nas suas emoções, do que nós mulheres. Por mais que consigamos parecer descontroladas, isso nunca é uma parcela tão significativa do quanto pode se tornar algo incontrolável - e talvez ninguém conheça essa intensidade, isso é algo controlado por nós, ainda que tenhamos que travar uma luta intensa contra nossos hormônios, que resolvem deixar o intenso cada vez mais infinito. Ainda assim, a gente torna isso suportável. Passei longos meses indo ao hospital no mínimo quatro vezes por mês, e conheci muito mais pacientes oncológicos mulheres do que homens, e eu não vi fraqueza em nenhuma delas. Eu via esperança, eu via uma fortaleza cheia de certezas e planos em cada uma que eu conversei e, ás vezes, talvez um pouco de cansaço. Na verdade, a gente só tem uma película mais fina, que protege as emoções de se espalharem que os homens, mas, como contraponto existe uma capacidade infinita de se restaurar, de se recuperar e de se esconder atrás desse conceito de que eu-somos-mais-fortes-que-os-homens. Somos iguais, mas lidamos com as mesmas dores (físicas ou emocionais) de formas diferente.
Eu conheço mulheres que podem ser infinitamente fortes, mas que são só um pedaço do que tem potencial de ser e, ainda assim, parecem gigantes. Não consigo ver fragilidade aí.
makes sense
Toda vez que eu ouvia a expressão “nada é por acaso” eu questionava se essa frase realmente fazia sentido. Basicamente porque eu sempre fui fatídica ao afirmar que cada um é dono do seu destino e por isso tem as rédeas dele. E, sendo dona do meu destino, eu o traçava. Não acreditava muito nessa velha máxima citada no início. Pura bobagem pra mim, até então. Nessa época, acreditava que tudo dependia somente das nossas escolhas. Só as minhas escolhas é que desenhariam as “cenas do próximo capítulo” na minha vida. Achava isso excitante. Na minha cabeça, dependia só de mim e das minhas escolhas para guiar meu destino. Pensando nisso hoje, por acaso, percebi que definitivamente isso não se encaixa mais na minha vida. Hoje eu enxergo esse tema com uma delicada controvérsia. Ainda acredito que podemos interferir nos nossos destinos, mas só isso. Não consigo acreditar que eu dependa só de mim, muito menos que eu possa traçar ele, baseado nas minhas escolhas. Hoje eu vejo isso, dessa maneira que descrevi, de um egoísmo tipicamente meu, de adolescente. Coisa, que aliás eu sempre me orgulhei. Percebi, revirando as memórias, que tudo que eu mais queria quando pensava dessa forma, era justamente ser madura o suficiente para deixar de pensar assim. Eu sempre tive um orgulho meio torto desse tipo de pensamento. Pensando nisso, e avaliando isso tudo percebi o quanto a vida conseguiu fazer com que eu amadurecesse, de uma forma que, tendo as rédeas, eu não seria capaz. Hoje eu aceito o fato de que eu não sou tão dona do meu destino, quanto pensava que fosse e que eu não sou responsável, sozinha, por ele. Consigo ver que, realmente, em boa parte dele eu tenho influencia, e somente isso. As decisões alheias nos afetam, mais do que a gente pode perceber e, ainda existe uma força maior, que cada um dá um nome, seja Deus, Jah, Cosmos, as estrelas ou uma vibe boa, que fica só na espreita, observando o momento de entrar em ação e mostrar que quando a gente pensa que sabe tudo, que tá no comando, que exerce poder total sobre suas escolhas e que entende tudo o que precisa sobre a vida, ta na hora de aprender uma coisa nova: a vida é a única dona do nosso destino.
Apenas Mais Uma de Amor
Pode até parecer fraqueza, pois que seja fraqueza então. A alegria que me dá, isso vai sem eu dizer. Se amanhã não for nada disso, caberá só a mim esquecer. O que eu ganho e o que eu perco ninguém precisa saber.
Oro a Deus
Quando os fogos começaram
eu tive o impulso de desejar que aquele momento durasse pra sempre. A tua mão na minha, segurando forte, os pés na água do mar, o sorriso, a alegria, os abraços e o desejo de que ficássemos desse jeito por muito, muito tempo; pedi que isso tudo durasse pra sempre. Não consegui desejar, pensar, querer, lembrar nada além disso. Freqüentemente, mesmo que sem os fogos, desejo em silencio, só pra mim enquanto te observo, que esse “nós” dure pra sempre, e se não for possível, que dure o máximo que nós conseguirmos alimentar. E se, ainda assim não for possível ou for tempo demais, eu tenho um pedido a fazer: Quero que, sempre que for segurar minha mão, seja daquela forma, com a mesma força, com o mesmo carinho, com o mesmo afeto e me passando a mesma segurança. Eu sei que, talvez pelo acaso ou pelo destino, esse sempre possa não ser eterno, então por favor, faça eu me sentir assim até o dia amanhecer.
welcome 2012
Eu odeio isso.
Sabe,
“Deus nunca dá uma dor maior do que a gente pode carregar”
foi a frase que eu mais escutei nesses últimos seis meses. Aliás, esses últimos seis meses foram surreais. Eu passei por todas as sensações físicas e psicológicas que eu nunca esperei passar. Senti amor de gente que eu nunca imaginei receber e consegui ver quem continuou atrás do bloco. Não existe coisa mais louca e mais boa do que conseguir enxergar tudo isso. Aliás, existe: saber que tem gente por ti, no momento em que tu realmente precisa – e como eu precisei. Eu nunca fui boa nessa coisa de demonstrar tudo que eu sinto, por que eu nunca aprendi na prática como se faz.
A primeira coisa que eu pensei, inevitavelmente foi “por que eu?”. Agora, eu consigo pensar: “por que NÃO eu?”. Aprender consigo mesmo e conhecer os verdadeiros limites, que eu digo, vão além do que se imagina, muito além. Aprender a viver cada dia, se preocupar com o hoje e admirar o que se consegue por esforço próprio, por amor, por amizade, por vontade de viver.
Eu conheci tanta gente, eu vi tanta coisa e eu experimentei tantas emoções que eu sinceramente não sei explicar. Não sei que força é essa que surge, não sei que medo é esse que some, não sei que vontade de virar o jogo é essa, só sei que acontece, e é incrível.
“40% vai ser medicação, 60% vai ser tu” meus 60% foram divididos por todo mundo que de alguma forma, qualquer forma, me ajudou, sabendo ou não do que tava acontecendo.
Agora é reta final e é ficar boa logo pra retribuir tudo isso. TUDO.
Quando eu tava entrando na adolescência
rolava um ritual quase que sagrado entre minhas amigas: toda saída que davam, deveriam ter pelo menos um nome de garoto beijado naquela noite para escrever nas suas famosas (e extensas) listas de ficadas. Não ter um nome novo era por um nariz de palhaço e agüentar risadinhas e eu, sempre agüentando essas risadinhas e as teses e questionamentos de porque eu sempre era a única a nunca ter um nome novo. Na verdade nunca me importei em sair e não beijar uma dúzia de desconhecidos, achava, bem no fundo e escondido pra mim, vulgaridade em demasia, libertinagem gratuita pra QUASE adolescentes que éramos. Possivelmente devido a não me enquadrar em nenhum padrão de beleza, já que sempre fui acima do peso, meu cabelo nunca foi liso e minhas bochechas são enormes, desenvolvi outras importâncias pra minha vida. Era (e ainda é) muito mais importante uma boa musica e uma boa companhia pra conversar e falar sobre tudo e nada, do que só uma boa boca pra beijar que eu nunca vi e talvez nunca mais queira ver. Minha vida sentimental sempre foi contraditoriamente bagunçada: seguidas paixões e poucos romances. Ainda que sendo pressionada pelo ritual sagrado das amigas, nunca me senti a vontade de sair por aí beijando qualquer um. Na verdade a gente entende, quando amadurece, que muito mais vale a qualidade que a quantidade. Vez ou outra, quando converso com as amigas dessa época, elas comentam “lembra do fulano que eu fiquei aquela vez?” e é obvio, eu não lembro. Não sei o quanto valeu a pena aquela “diversão toda”, mas a mim nunca fez falta. Talvez por estar fora dos padrões, eu me acostumei a não ter todas as opções que eu queria. A maioria dos meus romances foram desastrosos e eu sempre tive um “gosto” que não era compatível com a pirralhada que freqüentava os mesmos lugares que nós. Nessa idade que eu citei aqui, a gente sempre ta querendo provar alguma coisa pra alguém. No meu caso o primeiro beijo foi a síntese disso: só dei o beijo pra provar que eu podia, assim como foram a maioria dos casos da época que eu andava com essas amigas. E, mesmo tendo plena consciência de que era babaca essa atitude eu fazia, em uma freqüência bem menor do que a demanda de aprovações pela qual eu passa, é verdade, mas ainda assim fazia. Mas isso tudo me fez amadurecer melhor, e mais rápido do que a amigas que hoje tão casadas, embarangadas e levando suas incríveis vidas de donas de casa. Já diria o sábio: cada um tem o que merece.
Por favor, mente
hoje eu sou seu pra sempre
se eu perguntar
por favor mente
e fala tudo que você não sente
por favor mente
que a sua mão vai ser a minha luva
se a solidão é um dia de chuva
você vai me abrigar
sobre tudo, sobre todas as coisas
me ame até o fim da vida
mesmo que seja só até o dia chegar
depois talvez nem eu mesmo lembre
das juras eternas que a gente trocar
da cor preferida, ao nome dos filhos
e que eu já fui teu pra sempre
um dia eu fui teu pra sempre
eu já fui teu pra sempre
um dia eu fui teu pra sempre
um dia eu fui teu pra sempre
que eu já fui teu pra sempre
pra sempre...
Tom Bloch
Tava olhando umas fotos velhas,
lendo uns textos antigos e me conhecendo. Pra isso que serve um arquivo. Guardar o que eu penso ser pra mais tarde vasculhar e perceber que nem eu mesma me conheço. Ou lembrar o quão otária eu posso ser. Comigo, pelo menos, é assim. Sempre tive uma pose auto-suficiente quando de tratava de sentimentos, principalmente amor. Sabe aquele tipo que diz NÃO QUERO, com cara de quem não quer mesmo e pensando incansavelmente que quer? Prazer. Todo esse tempo eu posando de quem não tem máscaras com a máscara mais cara de pau da face da terra porque nunca pude sentir de volta todos os milhares de amores que eu tive. Lutava contra porque alimentar seria burrice. Platonismo demais pruma reles mortal. Agora que PODERIA ser um pouco mais real, a vida me fez insignificantemente igual a tudo que ele poderia ter e não quer. Me fez rotina, me fez um enfeite de canto, daqueles tão comuns que a gente só percebe quando vai limpar – quando lembra de limpar. Daqueles que cria pó de tão invisível que é. Isso é mais uma das incansáveis lições que a vida resolveu guardar pra mim. Ela deve pensar: ‘cê não é de pedra? Guenta esse amor de verdade, então’.
Fraquejar...
Esse sempre foi um dos meus medos bobos. Sei lá, não me sinto a vontade admitindo que eu perdi porque fui fraca, acho ninguém se sente, na verdade. Não me permito fracassar, nem me sentir fraca, fico insistindo naquela coisa que me faz sentir que eu to errando, que é mais forte que eu e que me feria fracassar até que isso não seja mais um obstáculo. Obsessivamente. Compulsivamente. As vezes eu me permito por pra fora isso, mas é sempre muito breve perto do tempo que eu passo lutando contra mim mesma. Eu sempre fiz isso, sempre agi assim e não consigo por um segundo se quer imaginar uma solução pra essas lutas ridículas que eu traço contra mim. Queria poder conseguir parar de me testar nesse ponto, mas acho que é impossível. Eu não me deixaria desistir de ver até onde eu posso chegar.